terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O negócio é cozinhar: a moda pegou no pais




                                           Cunha e Silva Filho


        O mundo se tornou uma cozinha, com copa e sem copa, porque esta última,  na política, nos palácios dos governos federal, estadual e municipal era locus  privilegiado para as fofocas e  conchavos  entre partidários  arquitetando  planos para derrubar  antagonistas, ou mesmo  fofocas da vida familiar  e íntima de políticos municipais,   estaduais ou federais.
      Por isso,  uma vez estranharam o título que meu  pai deu a um dos livros dele publicados, Copa & cozinha.( Teresina: Academia Piauiense de Letras/ Projeto Petrônio Portella, 1988,  127 p.). Imaginavam  que dizia respeito à arte culinária,  quando não tratava nada disso e sim de política, regional,  nacional e  internacional, de temas  sociais, de sistemas de governos, de aspectos  autobiográficos de um  jornalista político doutrinário e de fibra.
      Naturalmente,  algumas  páginas da obra  desviavma sua atenção  para  narrativas ou  exposições um tanto  satíricas, um veio de sua escrita  em que  era bem forte. Assim a obra  não deixa de nos propiciar  momentos    de  humor e de situações  engraçadas.
     Mas, o  assunto desta crônica não é  analisar  aquele  importante  livro de meu pai e sim  olhar em torno desse mundo  de espetáculo  que é o nosso, cheio de  uma dinâmica de acontecimentos e de novidades que mal nos damos conta de sua   velocidade e de suas mudanças.  
     A moda agora são os chefs de cozinha, alguns até importados, sobretudo da França, como um deles,  um conhecido gordinho do programa  da  TV Band,  Master Chef, que tem tido ótimo sucesso, desde a sua estreia com candidatos  jovens a ganhar prêmios e até  temporada em Paris  a fim de  aprimorar  seus métodos culinários. É sabido que os franceses, antes de tudo,  adoram  comer,  e não é gratuita a circunstância de que  a culinária francesa  é, de longe, a mais  apreciada do mundo.
      Depois do sucesso do primeiro Master Chef, a Band ofereceu aos telespectadores  o Master Chef Júnior,  onde  só meninos e meninas tomaram  parte   no  programa, mostrando as suas  qualidades e a sua precocidade em lidarem com  o preparo de pratos  deliciosos e de não menos  sobremesas  apetitosas. Li que alguém não  aprovou  tanto  o Master mirim quanto  o de jovens de mais idade. O concurso para galgar o primeiro e o segundo lugares é complicado,  exige determinação,  muita paciência,  engenhosidade  e mãos habilidosas, sem  contar com  a necessária  inclinação  e amor  à culinária.
     Este tipo de programa  já era, em parte,   apresentado  no Brasil, mas de forma mais simples, não como um show de brilhos e  de  momentos  emocionantes, em que  a assistência televisiva  se dividia entre os seus  candidatos  preferidos.  Esta forma  de  programa  voltada para a culinária, como quase tudo o mais de um pais  que ainda vive perifericamente dependente do universo cultural  do que aprende no exterior, com tal, não é original. Tudo se copia de fora  do lixo ao luxo.
    É bem provável que o aumento  de  programas  semelhantes   que seguramente vai  influenciar   outras canais de televisão, reforçará  estudos mais    aprofundados da culinária, com o advento de cursos  superiores  neste campo de atividade.
   O brasileiro  é um bom garfo e por isso não  faltarão  oportunidades  de empregos a futuros  especialistas  daqui  no mundo da cozinha. O momento de prestígio desses  programas   trará dividendos  para a economia do país e principalmente  para os níveis  sociais  mais elevados.  
   Sabe-se que o ser humano não pode deixar de se alimentar duas, três ou quase vezes  por dia. Ora,  isso  é uma alavanca fecundante  para  o crescimento  de  restaurantes  de melhor qualidade em todo o país  com chefs  formados em faculdades,  prontos a oferecerem  pratos  mais sofisticados  e  de refinado  sabor.
      A influência dessa novidade é tão  forte que os  maridos de hoje também  são atraídos para  o desejo  de aprender  a cozinhar, de modo que o casal moderno  estará mais   tranquilo no tocante  a quem vai  preparar o almoço  ou o jantar, ou uma boa sobremesa. Pode, assim, se  revezar,  poupando  a mulher  de ser o burro de carga  de  arcar sozinha com   o preparo da alimentação da família.
    Estamos a grande distância dos tempos em que nossas mães nos  repreendiam quando nos aproximávamos  da cozinha,  nos dizendo: “Meninos,  lugar de homem não é na cozinha. Saiam daqui.” Isso foi  comum  em  tempos  passados. Eram tão  comuns  em certos lares as advertências e proibições das mães  que, quem quebrava essas resistências,  era mal visto por  colegas  a ponto de duvidarem da  virilidade daquele jovem que  aprendesse a fazer  pratos   maravilhosos.
    Como  pertenço   a essa geração  de preconceitos contra  o homem que  cozinhava talvez  isso me tenha  afastado   dos mínimos  rudimentos  de  fazer  um bom  almoço agora. Só hoje  sinto  quanta falta  faz a quem, na condição de homem, não sabe  preparar um prato de feijão, um arroz,  entre outras  necessidades  da cozinha. Fazer bolos nem falar! Uma voz lá distante ainda  me ressoa nos ouvidos, não necessariamente  em minha casa,  mas na casa de amigos: “Cozinha não  é lugar  de homem.”
     Os tempos mudaram e, para alguns aspectos da vida,  para melhor. Tanto é assim que há, se não me engano, mais chefs  homens do que mulheres. Pura bobagem dos homens e mulheres do passado. Cozinha nada tem a ver com sexualidade. O machismo nesta área é coisa  ultrapassada. Cozinha à vista!


Um comentário:

  1. Bom dia,

    Pode ser uma sobremesa, um bolo de 2 (2 ovos, 2 xícaras de farinha etc), uma torta de liquidificador, uma salada ou um docinho. Aos poucos chegará a um bom almoço. Caso goste da brincadeira.
    Brigadeiro
    1 lata de leite condensado, 1 colher de sopa de manteiga, 2 colheres de sopa rasas de achocolatado.
    Colocar todos os ingredientes em uma panela, levar ao fogo alto e mexer. Quando começar a desgrudar da panela, abaixar o fogo e continuar mexendo. Se gostar do doce mais consistente, deixar mais um pouquinho. Está pronto!
    Bom apetite!

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