sexta-feira, 10 de outubro de 2014

No Brasil, além da impunidade, da violência e da corrupção, agora, o ebola






                                                             Cunha e Silva Filho


                 Não é de hoje que tenho  tido notícias da doença do ebola (em Portugal, dizem ébola). Nos meados dos  anos de 1970, tinha por hábito ler uma  excelente  revista  americana de orientação   evangélica denominada  The Plain Truth,  dirigida pelo norte-americano Herbert W.  Armstrong (1892-1986), Pastor e fundador da Worldwide Church of God, autor, entre outros livros,  de    Autobiography, volume 1. Não sei se chegou a publicar um segundo volume  da obra -  fruto de sua  grande experiência e tirocínio  como   doutrinador evangélico em âmbito mundial. Naquela  época,  li inúmeros  artigos  e reportagens na mencionada  revista que já  divulgava   as ameaças e os perigos  do ebola,  doença  mortal de procedência  do Congo (hoje Zaire). A revista  tinha certo relevo  porque,  embora   de viés  religioso-doutrinário,  ela reservava um largo espaço  para  discutir temas   de alta  importância para a humanidade e em clave de discussão   aberta e despreconceituosa. Sua assinatura era gratuita, a impressão de alta qualidade e os artigos  sobre  questões internacionais  eram valiosos  para a  época. Com a morte do seu líder Armstrong, houve a decadência, até à extinção  da  The Plain Truth.
As previsões do ebola,  ao lado de outras moléstias, como a gripe aviária ou  do  frango,  tinham  fundamentos, mas é bem  pouco  provável  que  o mundo   se  preocupasse com  ela. Por outro lado, nos inícios dos anos de 1980 iria surgir  o primeiro caso   de uma doença - a AIDS -  que iria se disseminar mundialmente matando   um grande  número  de pessoas, por contato sexual,  ou por  transfusão  de sangue, com grande   perdas de vidas  para  os hemofílicos e, no Brasil,  por isso mesmo  perdemos  figuras  bem queridas,  como  Herbert de Sousa,  Henfil,  Cazuza, entre tantos  outras. O curioso  é que essas doenças,  segundo  os especialistas,  estão associadas   a contaminação   proveniente  de animais, como  o macaco e até o morcego, se não me engano,  quando   usado  para alimento   do macaco.
O vírus se propaga com  facilidade,  e, para evitá-lo,  cumpre  usar todos os recursos atuais  de que dispõe a medicina  e  fornecer à sociedade  a orientação segura  dos infectologistas sem  alarmes  exagerados. A transmissão  já passou as fronteiras dos países onde  se identificaram  as primeiras vítimas fatais.
Num mundo que se tornou pequeno e profundamente   interligado   geograficamente,   não  é de causar surpresa que a doença  transponha  as fronteiras   dos países  onde foram  identificados  indivíduos infectados  que, lamentavelmente,  chegaram  a óbitos. Já deu  sinal  de ocorrência do ebola em  países  adiantados,  como   na Espanha,  na Inglaterra,   nos Estados Unidos e, agora,  ainda em  termos de  uma suposta ocorrência   no  Brasil, onde  do Paraná,   veio a notícia de uma pessoa com alguns  sinais  da doença e que foi  encaminhada para  um centro de referência  em infectologia do Instituto  Oswaldo Cruz.
 Desta maneira,   cumpre às autoridades  sanitárias  daqui  envidar todos os esforços  no sentido  de que  um simples   caso não se   se   transforme em   muitos casos. Todo o cuidado é pouco na vigilância  atenta  dos aeroportos, portos,  fronteiras  terrestres.  
Não há ainda uma vacina  que  seja   eficiente  no tratamento  da doença, ainda que,    detectada  em tempo,   haja  recursos   de medicamentos    que possam   bloquear    os efeitos   letais    e salvar vidas. Um dos procedimentos  é isolar-se  a pessoa   infectada e bem assim   dotar as equipes médicas de    todos os cuidados  possíveis   a fim de evitar que  sejam  também  contaminadas.
Já há uma bibliografia médica  imensa  tratando    teoricamente    dessa doença letal.   Urge que  o combate  a ela seja feito   em conjunto   e em âmbito mundial, sendo para  tanto   indispensáveis ações  imediatas e contínuas  da OMS. Somos, hoje, seres globalizados,  desenvolvemos   trabalhos humanitários além-fronteiras,   como os  médicos  que  enfrentam  o alto  risco de perder a própria vida para cuidar  de  doentes   no mundo inteiro,  especialmente em   regiões africanas  de extrema pobreza e de escassos  recursos da medicina, como os heroicos  “médicos sem fronteiras,” os trabalhos de missionários   que  também  enfrentam   perigos de doenças  em regiões  em confrontos  bélicos.  Outras  organizações  internacionais, sem fins lucrativos,     pelo mundo afora,   realizam   relevantes   serviços  em defesa dos seres   humanos,  sobretudo   de crianças, que são    os mais desprotegidos   e dependem tanto da ajuda dos adultos.  
Do meu ponto de vista, o ebola  já deveria,  a esta altura de  pesquisas  mundiais,   estar  com um   vacina  eficaz  contra  o vírus.  O ser humano é imprevidente em alguns casos  onde  não deveria ser,  por exemplo,  as doenças  mortais  que  podem  se transformar em  epidemia. O mundo, através dos países ricos,  ao invés de  investir em  armas  cada vez mais  destruidoras,   deveria   se dedicar  aos avanços  no campo da  infectologia. A palavra de ordem seria  “prevenção,” e isso se aplica a todas as nações desenvolvidas e em desenvolvimento, mormente no mundo contemporâneo, no qual,  segundo já  assinalei, os contatos  dos povos   são  quase imediatos  pelas facilidades  das viagens  intercontinentais. 
O Brasil deve,  portanto,  estar  de olho atento a esse   problema de saúde pública,  principalmente para evitar  o mal maior,  o surto de   epidemia. Atenção aos responsáveis pelo Ministério da Saúde. Não se brinca com  doenças   mortais capazes de dizimar  milhares   de pessoas.        


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