quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Viagens: um aprendizado (Conclusão)




                                               Cunha e Silva Filho


           O ponto alto da viagem seria na manhã seguinte. Os dois carros partiram do hotel e se dirigiram para uma dos lugares  mais belos da natureza  brasileira: as Cataratas do Iguaçu, onde se encontra o Parque Nacional  do Iguaçu. Do outro lado  do rio  Paraná,  é a parte da Argentina, com seu Parque Nacional  do Iguazú. Contudo,  do lado brasileiro  essa maravilha do mundo  é só deslumbramento.
   Para chegarmos  às cataratas,  é preciso  comprar  bilhetes  para tomar o ônibus  panorâmico,que nos leva para  dentro  do Parque. Viagem  deliciosa pela manhã. No segundo  andar do ônibus, sentimos  o perfume  exalado das floresta  ladeando  as duas margens em boa estrada. Uma brisa  refrescante  toma conta de nosso    rostos, um aroma  suave  e perfumado tudo  vindo do ar puro  da floresta. Ônibus  lotado  com  pessoas de várias  nacionalidades. De vez em quando  vemos animais  silvestres  livres como merecem estar no seu hábitat.
Paramos numa das  trilhas,  percorrida,  é claro,  a pé. Gente de todas as idades descendo em direção  ao  ponto mais aproximado  das cataratas, jorrando continuamente   como a  mostrar a todos  que ninguém pode  com a Natureza e é neste instante  de euforia  que sentimos  a  presença  de um Ser  Superior  acima dos homens e de suas mesquinharias. De repente,  a uma certa altura da trilha, somos  surpreendidos com  uma  chuva. Harley, sempre  cautelosa e gentil,  arruma um   jeito de resolver  o problema.
Compra   umas capas  de plástico  vendidas ali mesmo  numa das paradas da trilha onde, por sinal,  havia um quiosque. Para lá corremos a fim de abrigar-nos da chuva. Como havia  gente no quiosque,  tivemos que nos espremer entre as pessoas. A chuva parou  um pouco e de lá demos  sequência à caminhada cheia de gente descendo e subindo, ou seja,  pessoas  que  iam  para o  mirante mais  perto das  quedas d’água e pessoas que de lá vinham  para  tomar a trilha   de volta. Sem nos avisar, a chuva  voltava.Agora,  porém, já estávamos   sob a proteção de nossas capas. A trilha  era longa e cansava os mais velhos ou menos  preparados  para  a caminhada. 
Elza e eu  não fomos  até o ponto mais  distante de onde se podia  ver melhor  as cataratas. Ao redor de nós,  a presença dos celulares  filmando  ou fotografando   a paisagens,  ou  pessoas  conhecidas  se deixando  fotografar. Não paravam os snapshots. Vivemos o apogeu da   época mais filmada ou fotografada  do mundo. Vivemos  o reinado  das imagens em fotos, ou  dos eventos  filmados, das câmeras  em toda a parte  com seus  big brothers vigiando-nos por todos  os  lados..Perdemos  grande parte  dos bons tempos  em que  tínhamos  privacidade.
 Não  retornamos  pela trilha   que nos deixou  mais próximos  da cataratas. Preferimos  regressar  usando  um elevador  que ficava bem  pertinho  daquele  imenso  jato d’água. A beleza daquelas gigantescas  quedas d’água é de tirar o fôlego de alguém, espetáculo  jamais visto por mim.  
Fomos almoçar num restaurante  que servia refeições na parte  coberta e também na parte ao ar livre, que foi  o lugar   que escolhemos O mais belo  ali  é que fica à beira do  rio  Paraná  com a outra margem em território argentino. Rio caudaloso,  com a correnteza   dirigindo-se para  as cachoeiras.
Na volta do encantador  passeio  pelo Parque Nacional,  paramos  em outro    lugar digno de  registro: o Parque das Aves.
Foi mais uma maravilha,   desta vez em contato vivo, por vezes,  físico, com  a natureza  figurada pelas aves  da  Mata Atlântica. Tanto quanto  o turismo  ecológico  das Cataratas do Iguaçu, aqui se descortina  a paisagem multicolorida de aves e  pássaros diversos, alguns  nunca vistos pessoalmente   por este cronista. Ali pudemos ver mutuns,  faisões,  urubus  reis,  harpias, tucanos,  papagaios,  casuares, araras, tachãs, periquitos, flamingos, emas, corujas, jacutingas. No parque  há um borboletário. Entrento,  o Parque das Aves   acolhe também  répteis, como a sucuri,  a jibóia, jacarés, iguanas  etc.
Conforme  nos  informa o folheto que pegamos  no local,   parte das aves, 43 % , ali  nasceram; outras  foram   adquiridas  de diversas  modos:   regatadas do tráfico  pelos  autoridades  ambientais Aves  que estavam  em cativeiros em condições precárias, outras mais  ali  chegaram doentes e  maltratadas,  feridas, ameaçadas de extinção. São, pois,  aves sobreviventes e ali  tratadas  com  desvelo  por biólogos e   veterinários do Parque. Estão em boas  mãos.
Saímos    contentes daquele Parque, sobretudo as  minhas netinhas. No Parque das Aves,  também.  havia  muitos  turistas de várias   procedências.
Voltamos  pro hotel. Fim de permanência. Deveríamos  voltar  pra Curitiba; ali deixaria  com saudades  meu filho,  Marisa, Isabella e Amanda.  Harley, Elza e eu  seguiríamos  pro Rio de Janeiro. Nem é precisos  relatar  que  a viagem de volta de Foz do Iguaçu foi  plena  de  brincadeiras,  risos e, como sempre,  o regresso   parece mais  rápido. Algumas paradas  pra  ir ao banheiro,    fazer um  lanche,  ou mesmo almoçar.
Na volta  até Curitiba,  as minhas netinhas  vieram de novo  no carro   da Harley. Conversadeira  como  ela,  Amanda, a mais nova,   usava  um  aparelho de comunicação  comprado  se não me engano,  no Paraguai e, através dele,  se comunicava com  a mãe,  Marisa. Amanda não sossegava,  falava o tempo todo: “Alô, falo  da base Cherokee. Câmbio!”    A mãe,  à nossa   frente, no carro  com meu filho, respondia: “Alô, aqui falo da base Fiesta Câmbio!”  
Chegamos  a Curitiba. No dia seguinte, uma segunda-feira,  regressamos  pro Rio de Janeiro. A viagem  estava  boa,  tudo fluía na  grande estrada. De repente,  ainda no estado do Paraná,  houve um engarrafamento: um caminhão  havia  virado. Esperamos  um bom tempo  para que o trânsito fosse  liberado. Isso nos causou   um atraso de praticamente uma hora.
 Harley,  já em São Paulo,  se equivocou  com uma via que  passaria  por fora da cidade e terminamos  passando  por dentro de São Paulo, desta “Pauliceia desvairada.”
Muita estrada  pela  frente,  rumo  ao Rio.. Entramos  no limite entre  São Paulo e Rio de Janeiro. Estávamos  em casa, podíamos  dizer. Só um   imprevisto: quando  passávamos,  à altura  da Baixada Fluminense, nos deparamos  com um engarrafamento, com o qual  não contávamos.
 Harley,  como sempre,  teve que se virar e conseguiu, mais uma vez,  dar prova de  seu domínio  do volante. Conseguiu  desvencilhar-se do engarrafamento. Milagre,  não, top secret. Eis-nos de volta ao lar.
Deixou-nos em casa e seguiu  pro seu  bairro. Inesquecível  viagem!

.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário