sexta-feira, 23 de março de 2012

Mais uma vítima por engano de uma ação da polícia na Austrália



Cunha e Silva Filho


Jovens brasileiros costumam tentar a sorte no exterior, principalmente Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, até mesmo em alguns países asiáticos. Em geral, todos saem na esperança de viverem dias melhores, com mais possibilidades de um emprego, de uma carreira, o que, todavia, nos dias de hoje, não parece algo tão tentador assim. Outros viajam para estudos a fim de aprender línguas e, quem sabe, ao voltarem para o Brasil, estar de posse de um currículo mais vantajoso no que tange aos competidores que não tiveram experiência no exterior.
Acho válida essa procura de melhores oportunidades na vida, uma vez que estão cheios de energias e prontos a enfrentar o mundo com maior determinação, vontade de se superar e conquistar a felicidade que, na Terra, sempre é relativa.
Todos se lembram do operário brasileiro de Minas que, no metrô de Londres, foi assassinado por engano por policiais despreparados. Agora, foi a vez de um outro jovem, o Roberto Laudisio Curti, de 21 anos, que, numa situação de confusão numa loja (não sei ao certo) , foi perseguido por policiais que se utilizaram de uma nova arma – o taser – a qual, disparada, provoca choques paralisantes nos músculos e, segundo os peritos, não letais. Imobilizam o suposto criminoso ou outra pessoa que, por um ou outro motivo, seja alvo da ação repressora da polícia..
Costumo dizer que a polícia, no grosso - e acredito mundialmente -, se mostra com frequência violenta, bruta e descontrolada dado o fato de que são detentores de armas de fogo e de armas não letais, como este triste taser. As explicações dos especialistas em armas não me convencem muito, quanto ao seu uso prático, diante da reação imediata da polícia frente ao suposto criminoso. É preciso que um policial seja bem treinado, tenha um excelente equilíbrio e tenha o que falta em muitos deles – sentimento, compreensão, prudência, humildade - sem essas qualidades dificilmente se tem uma polícia confiável, amiga da população. Pessoas com tendência à agressividade e à violência inata, quando procuram seguir a carreira da ordem e da lei, nunca deveriam ser selecionadas pelos examinadores de concursos dessa natureza.
Só os candidatos que procuram, por vocação, a carreira militar, seja da polícia civil, seja das forças armadas, seja para cargos de segurança privada, podem se tornar bons profissionais, como pessoas dignas, que se sentem bem ao defender os injustiçados, os fracos, os frágeis, a população indefesa, só estes é que deveriam abraçar essas carreiras. Por isso, os exames de seleção devem ser rigorosos, tanto os de ordem cultural, competência de estudos, quanto os psicológicos e psiquiátricos. Naturalmente são indivíduos que, pela responsabilidade de cargos, têm que ser bem remunerados de tal sorte que nunca sejam levados a situações extremas de recursos a greves por melhores salários.
Se os governos tomassem a si a responsabilidade com ações efetivas na melhoria da situação e da qualidade de suas polícias, tais tragédias seriam minimizadas ou mesmo suprimidas da vida em sociedade.
Roberto, o jovem paulista, tinha em mente dominar a língua inglesa. Não se contentou com aprendê-la “by trial and error”. Queria aprendê-la de forma completa, com domínio escrito e oral. Era isso que, a meu ver, provavelmente lhe passava pela cabeça.” Quantos sonhos acalentados, pensando na volta ao seu país natal, cheio de histórias a contar, e por que não, de experiência a transmitir a outros jovens de sua idade.
Regressar ao Brasil, rever sua família, seus amigos, sua cidade e ingressar no mundo pesado e competitivo dos adultos cm a esperança de ser simplesmente feliz.
A embaixada brasileira na Austrália deve fazer todo o possível para esclarecer esta tragédia de mais um brasileiro que é assassinado lá fora.Cumpre investigar com minúcia e rigor para que os policiais culpados sejam punidos pelas leis daquele país distante.
Estou sendo informado pela imprensa de que já se está cogitando em suspender o uso do taser na Austrália. Não sei se no Brasil essa arma perigosa já causou alguma vítima entre nós.

Urge repensar maduramente o uso dessa arma por policiais brasileiros, sobretudo quando o seu uso seja em manifestações ou passeatas que possam, por um ou outra razão, desaguar em confrontos mais sérios com os órgãos responsáveis pela ordem pública. Muita cautela, pois, em se tratando do uso de uma arma supostamente não letal.

No calor de confrontos entre polícia e manifestantes, ou mesmo na abordagem de indivíduos supostamente perigosos, toda precaução vale a pena ser considerada. O policial deve ser, acima de tudo, inteligente, bom observador, prudente e equilibrado.

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