terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um poema de Gérard de Nerval (1808-1855)

El desdichado

Je suis le ténebreux, - le veuf, - l’inconsolé,
Le Prince d’Aquitaine à tour abolie:
Ma sele étoile est morte, - e mon luth constellé
Porte le soleil noir de la Mélancolie.


Dans la nuit du tombeau, toi qui m’as consolé,
Rends-moi le Pausilippe et la mer d’Italie,
La fleur que plaisait tant à mon coeur desole,
Et la treille où le pampre à la rose s’allie.

Suis-je Amour ou Phoebus?... Lusignan ou Biron?
Mon front est rouge encor du baiser de la reine;
J’ai rêvé dans la grotte ou nage la sirène...

Et j’ai deux fois vainquer traversé l’Achéron;
Modulant tour à tour sur la lyre d’Orphée
Les soupirs de la sainte et les cris de la fée.

Gérarad de Nerval, Les chimères.


El desdichado

Sou o tenebroso – o viúvo -, o inconsolado,
O príncipe da Aquitânia da torre desterrado.
Minha única estrela é a morte, e meu alaúde constelado
Da Melancolia traz o sol negro.

Na noite do túmulo, por ti consolado,
Devolve-me o Pausilippe e o mar d’Itália,
A flor que meu coração desolado tanto encantava,
E a parreira na qual o pâmpano à rosa se une.

Sou Amor ou Febo?... Luignon ou Biron?
Rubro ainda do beijo da rainha minha fronte está.
Na gruta sonhei com uma sereia nadando...
E, por duas vezes vitorioso, atravessei o Aquerão
A lira de Orfeu alternadamente modulando
Da santa os suspiros e da fada os gritos


(Trad. de Cunha e Silva Filho)

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