quarta-feira, 11 de maio de 2011

Um poema de Leconte de Lisle (1818-1894)

La mort d’um Lion

Étant un vieux chasseur altéré de grand air,
Et de sang noir des boeufs, Il avait l’habitude
De contempler de haut les plaines et la mer,
Et de rugir em paix, libre em as solitude.

Aussi, comme um damné que rode dans l’enfer,
Poour l’inepte plaisir de cette multitude
Il avait et venait dans sa cage de fer,
Heurtant les deux cloisons, avec sa tête rude.

L’horrible sort, enfin, ne devant plus changer,
Il cessa brusquement de boire et de manger:
Et la mort emporta son âme vagabonde.

Õ coeur toujours en proie à la rébellion ,
Qui tournes, haletant, dans la cage du monde,
Lâche, que ne fais-tu comme a fait ce lion?


A morte dum leão


Ávido do ar livre era um velho caçador
Ao sangue negro dos bois habituara-se
E do alto as planícies e o mar a contemplar.

No inferno vagando como um réprobo,
Desta multidão pro prazer estéril
Na janela de ferro andando pra lá e prá cá,
A rude cabeça contra dois tabiques batendo.

O infausto destino, por fim, agora consumado:
De beber e comer bruscamente cessou,
E a alma vagabunda a morte levou-lhe.

Oh, coração, pela revolta sempre atormentado,
O qual, arquejante, pra janela do mundo regressas,
Covarde, por que não ages como o fez este leão?

(Trad. de Cunha e Silva Filho)

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