quarta-feira, 30 de março de 2011

Os árabes:a caminho da liberdade

Cunha e Silva Filho


Um mundo conturbado em vários flancos: violência urbana e, por vezes, no campo, corrupção em vários níveis da sociedade e das instituições públicas, tsunamis e terremotos e ameaça da radiação nuclear de grandes proporções a partir do Japão, crimes motivados por razões torpes ou banais, crises econômicas pipocando aqui e ali em nações européias, enfim, o quadro que se nos apresenta nada é animador. Muito ao contrário.
Entretanto, se não é uma notícia de causar inveja, é pelo menos um sintoma animador embora concretizando-se em meio a lutas sangrentas entre filhos da mesma nação.
O fato é que os povos árabes, depois de um longo período de agressões à cidadania, ao direito de expressão individual, à liberdade plena de pensamento e a toda sorte de repressão a reivindicações contra as vilanias do poder autoritário, usurpador, fascista em vários países árabes, parece ter seus dias contados.
Os primeiros sinais partiram do Egito dominado por Mubarack, primeira mudanças para um novo fase de cidadania de um povo. Observe-se que aquelas velhas palavras tantas vezes ouvidas de ouvidas em manifestações ocidentais “um povo unido jamais será vencido” não deixam de ter sua atualidade neste contexto do mundo árabe.As manifestações em ruas de milhares de opositores aos regimes discricionários ou teocráticos mostram que têm peso e voz e são realizadas com coragem, porque enfrentam o fogo policialesco a serviço dos ditadores. Sempre eles com a mesma mise-en-scène, as mesmas características de “baixar o pau” nos costados de indefesos manifestantes. A única diferença entre eles e outros assemelhados em todo o Planeta é a língua, já que matar, esfolar, machucar não necessitam de entendimento, quando o que vale mesmo é o poder do gás lacrimogêneo, do gás de pimenta, dos tiros pra matar inocentes. São meros atos de barbárie, sem razão, nem raciocínio,nem diálogo, no quais os meios justificam os fins. São farinha do mesmo saco impondo determinações do poder que se alimenta da força das armas - único combustível do Estado assassino e covarde.
Vivemos a primeira década do século atual e por isso, com tanta avanço científico feito pro bem e pro mal, tendo o mundo passado, num mesmo século, por duas guerras mundiais – dois grandes inimigos da humanidade, portanto - , e com um avanço nos estudos do Direito, das Ciências Políticas e do aperfeiçoamento das instituições democráticos em muitas países, ou seja, com inúmeros paradigmas que bem poderiam servir de espelho a nações autoritárias, ainda infelizmente estamos atravessando uma onda de uso indiscriminado da força contra a liberdade dos povos.
Não é mais possível que o autoritarismo, os regimes de força ainda persistam em submeter nações aos seus desígnios e prepotências, como se fossem donas da vontade e da liberdade por algum direito divino ou dádivas dos deuses com pé de barro.
No quadro geral do mundo árabe, povos, cansados da opressão e da “servidão humana”, têm manifestado, ainda que com perdas de vidas, a convicção de que vão se cercar de todas as formas possíveis contra opressores na Síria, no Iêmen, no Bahrein, na Jordânia, entre outros povos árabes A Líbia agora, está enfrentando os bombardeios em suas defesas bélicas, o seu espaço aéreo está isolado, sob a mira de caças franceses e ingleses, em obediência a determinações de órgãos de segurança internacional , tendo à frente a ONU e a OTAN e o apoio dos Estados Unidos, os quais se mostram algo tímidos diante deste conflito naquele país de Kadafi que, até agora, não deu sinal de rendição ou de mesmo renunciar ao seu “reinado” de quatro décadas de mandonismo e truculência contra o povo líbio.
Suponho, com o andar da carruagem, que Kadafi dispõe de poucos trunfos nesse combate contra forças internacionais poderosas. Sua recusa de de deixar as delícias do poder o impedem de ver que o cerco está cada vez mais estreito para ele e nação há como capitular ou partir para uma negociação mais segura pra a sua integridade física. Nenhum homem da Terra pode se arrogar o direito de se perpetuar no poder. O fim dos tiranos não é fácil de se prever. A despeito das diferenças de costumes, de religiões, de tradições e visões que os árabes têm, eles, como nós ocidentais, somos seres humanos e, por conseguinte, indivíduos que anseiam pelo bem-estar de sua família e da sua sociedade. A democracia, extraordinária criação dos gregos (em Atenas precisamente) não é assim tão difícil de ser absorvida pelas nações. Conquanto naquela forma de governo possa haver de defeitos, ainda assim seria um caminho universal de entendimento melhor entre os povos.

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