quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por um fio

Por um fio


Cunha e Silva Filho


A História da (in) civilização já passou por várias e marcantes (positivas e negativas, mais negativas do que positivas) fases de insegurança e ausência daquela paz que há séculos almejamos todos nós mortais:Inquisição, Revolução Francesa, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Holocausto, Guerra Fria, Queda do Muro de Berlim, desintegração da Rússia comunista, Revolução Chinesa, Guerra do Vietnam, Globalização ( ainda em franco andamento, para o bem ou para o mal), terrorismo em grande escala, 11 de Setembro, 2ª Depressão ( em fase de reequilíbrio financeiro etc., etc. Não basta?Infelizmente não.
O mundo ainda está por um fio. Na América Latina, pairam sombras. Os ianques estão próximos dessa região. Cuba, ainda isolada, agora sob a batuta de Raúl Castro, irmão de Fidel Castro, dá sinais de real apreensão atinente a uma possível invasão por parte dos americanos – sempre eles! Os jornais noticiam declarações de militares americanos sobre uma possível invasão ( qual é o fundamento?) E, para resumir, o caso do Irã de Ahmadinejad (ufa, que nome difícil de pronunciar!).
E veja, leitor, que nem estou falando dos intermináveis conflitos bélicos no Afeganistão e em algumas outras regiões, como o Paquistão, a Índia, o Vietnam do Norte em relação ao do Sul.
Volto ao Irã, cujo presidente há pouco esteve em visita ao Brasil para ensejar maior aproximação bilateral, se bem que com protestos de grupos ligados a Israel e a movimentos pelos direitos de homossexuais.
A questão do Irã, neste artigo, me interessa mais, principalmente se levo em consideração o tema do programa nuclear – nó górdio – que se põe ao debate entre as potências hegemônicas, à frente delas os EUA.
Há, no entanto, uma premissa que vejo como crucial ao desdobramento da crise mundial envolvendo o governo islâmico do Irã e seu propósito de levar adiante o seu programa nuclear com a finalidade de, pelo enriquecimento do urânio, obter combustível energético ou, segundo seus adversários, conseguir, através disso, a fabricação de armas atômicas. Não vejo como absurda a possibilidade de um país ter o direito de se defender em igualdade de condições com as grandes potências. O Irã, como qualquer outro país soberano, tem o direito de se atualizar frente ao programa nuclear para fins pacíficos, e bem assim se precaver contra possíveis ataques, por motivos geopolíticos e econômicos, de potências mundiais lideradas pelos EUA. Isso é um direito líquido e certo que o país dos aiatolás tem, assim como outros países no mundo.
Uma pergunta se faz necessária: por que outros países detêm os arsenais nucleares para fins pacíficos ou belicosos e um outro país não? São, então, dois pesos para uma medida utilizados pelas grandes potências em relação a outros países periféricos? Não é justo, ó Tio Sam. E por que não desarmam os países hegemônicos no setor de armas nucleares: são eles moralmente superiores aos outros ? Creio que não. Onde fica a justiça?
Não acredito que os países adiantados do planeta sejam os únicos privilegiados na posse constante de armamentos nucleares, com capacidade de varrer a vida humana na Terra, já de si tão covardemente arrasada para atender à insaciabilidade dos lucros do capitalismo mundial.
Como pode a ONU censurar o Irã se este organismo, através do seu Conselho de Segurança, não logrou travar os delírios e a insanidade megalomaníaca do ex-presidente Bush II? Esse, sim, invadiu o Iraque e cometeu as maiores atrocidades de guerra inútil, cara, injusta e digna da execração da consciência pública mundial. O ataque ao Iraque foi, sim, em muitos aspectos, um genocídio porque os alvos das armas de alta potência letal atingiram pusilanimemente aquele país, porquanto era alvos dirigidos contra a população civil. Hoje, o país virou um a nação fantasma, destruído até no seu belo e rico patrimônio histórico.
Com respeito ao presidente Ahmadinejad, a única ressalta que lhe faço é por sua insensatez em não reconhecer os crimes do nazismo contra os judeus, culminando numa das fases mais abomináveis da humanidade, que é o Holocausto. Da mesma forma, reprovo suas idéias em equerer varrer do mapa o estado de Israel. Há para isso que se encontrar uma diálogo conclusivo acerca da paz no Oriente Médio. Isso é exequível, não é uma utopia. É uma questão de real vontade política entre árabes e judeus.
Todas as nações, ainda as pequenas e com pouco peso e poder de barganha, devem se proteger das intervenções das grandes potências.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a qual está associada à ONU, ao censurar, por votação majoritária, o Irâ por este, segundo ela, estar secretamente construindo uma usina nuclear de enriquecimento de urânio, deveria, sim, é lutar para que as nações detentoras do enriquecimento do urânio para fins pacíficos e bélicos, o fizessem, através de acordo entre os países membros do Conselho de Segurança da ONU – o chamado grupo P5+ 1 (países membro do Conselho de Segurança mais a Alemanha) - apenas para finalidades pacíficas.
A abstenção da diplomacia brasileira em não votar censura contra o Irã, mostra, a meu ver, que nosso país está aos poucos amadurecendo suas posições frente à questão nuclear. A justificativa brasileira demonstra alguma vontade de alcançar a necessária independência de decisões sobre assuntos de grande relevância no complicado xadrez da política externa. O país está realmente se inserindo numa nova fase, angariando, assim, pelo menos de alguns países, o respeito pelas tentativa de solucionar – pacificamente - os graves problemas internacionais.
Os Estados Unidos não podem nem devem manter-se indefinidamente nessa conhecida arrogância militarista de pretender dirigir os destinos dos povos mais fracos. Há urgência de eles entenderem que o mundo não foi desenhado para cumprir ordens, desígnios e atitudes de natureza imperialista. Que se lembrem das lições da História e nelas se espelhem para o bem da humanidade.

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