quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Fernanado Pessoa: "Sonnet VI"

Fernando Pessoa: “Sonnet VI”


Cunha e Silva Filho



Voltamos, leitor, ao Pessoa em inglês, dando continuidade às nossas traduções bilíngües:


Sonnet VI

AS A BAD ORATOR, badly o’er-book-skilled,
Doth overflow his purpose with made heat,
And, like a cxlock, winds with withoutness willed
What should have been an inner instinct’s feat;
Or as a prose-wit, harshly poet turned,
Lacking the subtly music in his meausre,
With useless care labours but to be spurned,
Courting in alien speech the Muse’s pleasure;
I study how to love and how to hate,
Estranged by consciouness from sentment
With a thought feeling forced to be sedate
Even when the feeling’s nature is violent;
As who would learn to swim without the river,
When nearest to the tric, as far as ever.


Soneto VI

Tal qual um péssimo orador, de pouca instrução
Que, com rigor, se excede no propósito de criar inflamado discurso,
E, como um relógio, corda dá a um querer vazio,
O que deveria ter sido um ato perfeito de interior instinto,
Ou, como um prosador espirituoso transmudado em dissonante poeta,
A quem falece, na exata medida, a música mais requintada,
Labora inutilmente senão para provocar o desprezo,
Cortejando, em alheio discurso, das Musas o prazer,
Aprendo a forma de amar e odiar,
Distanciando, pela consciência, do sentimento,
Impulsionado, com o pensamento do sentir, a impassível ser,
Ainda quando violenta seja sua natureza,
Igual àquele que sem o rio a nadar aprende,
Quando muito, próximo aos artifícios, como sempre, tão distantes.

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